Machado de Assis - Vida Completa
Por Silvana Santos 02/06/2025
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no dia 21 de junho de 1839, na cidade do Rio de Janeiro, onde também faleceu, em 29 de setembro de 1908. Era filho do pintor Francisco José de Assis e da açoriana Maria Leopoldina Machado de Assis.
Maria Leopoldina nasceu em 7 de março de 1812, na cidade de Ponta Delgada, localizada na Ilha de São Miguel, nos Açores. Não há registros exatos sobre quando ela migrou para o Brasil, apenas a informação de que veio em um navio negreiro. Ao chegar, foi morar em uma chácara, onde começou a trabalhar para o Senador Bento — figura que mais tarde inspiraria a criação de um dos personagens de Machado, no romance Dom Casmurro. Na chácara, Maria Leopoldina dedicou-se aos estudos: aprendeu a ler, a escrever, além de costurar e bordar. Foi nesse ambiente que ela conheceu Francisco José de Assis, pai de Machado.
Francisco trabalhava na mesma propriedade, realizando serviços de pintura nas paredes da casa e cuidando dos móveis. O casal casou-se em 1838 e permaneceu morando na chácara. No ano seguinte, em 21 de junho de 1839, nasceu Joaquim Maria Machado de Assis, o primogênito. Em 1841, nasceu Maria, a segunda filha do casal, que faleceu em 4 de julho de 1845, vítima de sarampo. Infelizmente, em 1849, Maria Leopoldina faleceu, aos 36 anos, em decorrência de tuberculose, quando Machado tinha apenas nove anos.
Dona Maria José de Mendonça Barroso, proprietária do sítio onde a família vivia, prestou grande auxílio a Machado de Assis durante sua infância, até falecer, também de sarampo, em 1845.
Figura 1: Dona Leopoldina
Desde criança, Machado conviveu com sérios problemas de saúde, como epilepsia, que comprometia seus movimentos, além de sofrer com a gagueira. Negro e pobre, enfrentou muitas dificuldades e preconceitos, o que o levou a começar a trabalhar cedo para ajudar a sustentar a família.
Apesar de todas as adversidades, Machado sempre buscou aproveitar as oportunidades de estudo. Aprendeu francês com o forneiro de uma padaria e, quando adulto, já dominava vários idiomas: português, latim, francês, inglês, alemão, italiano e espanhol.
Ainda adolescente, trabalhou vendendo doces, aos 14 anos, e como caixeiro em uma livraria. Sempre demonstrou grande interesse pelo aprendizado, lia muitos livros e anotava os principais pontos das leituras, o que o tornou um grande intelectual. Muito jovem, aos 16 anos, publicou seu primeiro poema, intitulado Ela, em homenagem à mãe, na revista Marmota Fluminense. A partir desse momento, iniciou sua trajetória como jornalista e cronista. Em 1856, começou a trabalhar como tipógrafo na Tipografia Nacional.
Figura 2: Tipografia e biblioteca da época no Rio de Janeiro
Em 1858, atuou na livraria do escritor e jornalista Paulo Brito, como revisor. No ano seguinte, em 1859, passou a trabalhar na revista O Espelho como crítico teatral. Em seguida, em 1860, começou a escrever para diversos periódicos, como Diário do Rio de Janeiro, A Semana Ilustrada e, em 1862, no jornal O Futuro.
Em 1867, Machado de Assis foi agraciado com o título de Cavaleiro da Ordem da Rosa e começou a atuar no Diário Oficial.
Figura 3: Medalha da Ordem da Rosa
Dois anos depois, em 12 de novembro de 1869, casou-se com a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais, com quem viveu em uma união harmoniosa e feliz por 35 anos. O casal optou por não ter filhos, principalmente devido à epilepsia de Machado. Carolina faleceu em 1904, aos 69 anos, vítima de um infarto.
Figura 4: Carolina Novaes e Machado de Assis Jovens
Como a carreira de escritor não proporcionava uma renda suficiente, Machado ingressou no serviço público, em 1873, na Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Com uma situação financeira mais estável, pôde dedicar-se ainda mais à literatura. Assim, aos 40 anos, já era considerado um consagrado escritor.
Em 1864, publicou seu primeiro livro de poemas, Crisálidas. Em 1872, lançou seu primeiro romance, Ressurreição. A lista de obras publicadas é extensa, pois Machado transitou por diversos estilos literários. Entretanto, é reconhecido principalmente por ter sido o responsável por introduzir o Realismo no Brasil, com a obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, publicada em 1881. Esse movimento se opunha ao Romantismo, propondo uma linguagem mais objetiva e clara, além de uma crítica incisiva aos problemas sociais da época.
Figura 5: Livros - Crisálidas/Ressurreição/Memórias Póstumas de Brás Cubas
Nesse período, o Brasil vivia grandes transformações culturais, sociais e urbanas, como o fim da escravidão e a queda do Império. Essas mudanças marcaram profundamente a sociedade e foram, para Machado, fontes de inspiração e crítica. Foi nesse contexto que ele produziu suas obras mais relevantes e consagradas.
Suas obras são marcadas por características como objetividade, ironia, ausência de idealização, linguagem coloquial, intertextualidade, crítica social, metalinguagem, diálogo direto com o leitor e frases curtas. Entre seus principais romances, destacam-se: Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904), A Mão e a Luva (1874), Helena (1876) e Quincas Borba (1891).
Figura 6: Memórias Póstumas de Brás Cubas / Dom Casmurro / Helena / Quincas Borba
Em 1888, recebeu mais uma honraria, sendo nomeado Oficial da Ordem da Rosa. Mesmo sendo amplamente conhecido e bem-sucedido, enfrentava muito preconceito, devido à sua cor, à sua gagueira e à epilepsia.
Ao longo de sua carreira, Machado de Assis publicou mais de 600 obras. Além de escritor, foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, instituição da qual foi presidente por mais de dez anos.
Figura 7: Academia Brasileira de Letras
Durante toda a sua vida profissional, nunca deixou de escrever e de atuar no serviço público, que continuou sendo sua principal fonte de sustento. Produziu contos, romances, poemas, crônicas e peças teatrais, consolidando-se como uma das maiores figuras literárias do Brasil. Faleceu em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro, quatro anos após perder sua amada esposa.
Figura 8: Machado de Assis e Carolina Novaes adultos
REFERÊNCIAS
ALVES, M. A mãe de Machado de Assis uma história de lutas e conquistas. 2021. Disponível em: https://www.primalstudio.com.br/blog/a-mae-de-machado-de-assis-uma-historia-de-lutas-e-conquistas. Acesso em: 31 de maio de 2025.
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Biografia. Disponível em: https://www.academia.org.br/academicos/machado-de-assis/biografia. Acesso em: 31 de maio de 2025.
CÂMARA DOS DEPUTADOS. Machado de Assis. 2019. Disponível em: https://plenarinho.leg.br/index.php/2019/11/machado-de-assis/#:~:text=Passou%20a%20inf%C3%A2ncia%20no%20s%C3%ADtio,Barroso%20Pereira%2C%20dona%20da%20propriedade. Acesso em: 31 de maio de 2025.
REDAÇÃO. Conheça a história de Machado de Assis e seus 3 principais livros. 2022. Disponível em: https://www.guiadacarreira.com.br/blog/machado-de-assis. Acesso em: 01 de junho de 2025.
SOUZA, W. Machado de Assis. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/machado-de-assis.htm. Acesso em: 01 de junho de 2025.
Você é uma carta viva e as pessoas estão lendo vocês.
Pr. André Fernandes
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Silvana Santos
Mestra em Ciências Florestais e graduada em Engenharia Agronômica pela UFRPE, especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pela UPE e Técnica em Segurança do Trabalho pelo IFPE.
Especializada em Docência em Educação Profissional e Tecnológica e licenciada em Docência na Educação Profissional Técnica de Nível Médio no IFPE, especialista em Linguagens suas Tecnologias e o Mundo do Trabalho na UFPI.
Aumentar o nível de qualidade dos profissionais de segurança do trabalho e promover o bem-estar aos trabalhadores é fundamental em todos os ambientes de trabalho.
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